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O resultado da alta popularidade de um governo progressista no país, independentemente da ofensiva midiática, produziu nos intelectuais brasileiros [como no digníssimo José Murilo de Carvalho] a reprodução sofisticada do senso comum. Ou seja, a alta popularidade deste governo se explica pelo apoio dos pobres do "Bolsa Família" e pelo atraso da educação brasileira. A expressão - presente na filosofia moderna - reino da necessidade explicaria a relação entre o baixo nível social e a escolha pelo governo do PT. O grosso dos eleitores que optaram pelo governo Dilma não o fizeram por liberdade, mas por necessidade material e baixa instrução escolar. Argumento esteticamente aceitável - como toda a imagem no pós-modernismo - mas vazio de conteúdo explicativo. Não é preciso nem reler Kant ou Hegel para refutar esta redução conceitual. O reino da necessidade está no todo da sociedade civil e influencia, sim, o voto dos eleitores modernos. Contudo, influencia a todos - sem exceção. É tão legitimo e racional a escolha por parte de eleitores beneficiados pelo "Bolsa Família" por Dilma como a escolha por Aécio Neves por parte de grandes empresários e banqueiros beneficiados com a política econômica neoliberal. Claro que é uma escolha no campo do reino da necessidade [economia] e seria melhor uma escolha no reino da liberdade, mas a decisão livre passa pela libertação da "jaula de ferro da modernidade e do mercado" da qual estamos todos presos.
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