
Dessa forma, não é exagero a expressão "Combates pela História", o docente de história e os historiadores vivenciam cotidianamente tensões institucionais frente a chamada "História Oficial" de interesse dos Estados e do Capital que se caracteriza por uma história limpa dos fatos inconvenientes que insiste em substituir a verdade insuportável pela omissão tranquilizadora. De nosso lado, temos compromisso com nossa bossa; com a razão, os documentos e a memória social. Não há historiador ético que negligencie o bom combate. A distopia da história limpa revela a dimensão política da escrita da história. O real vivido não está paralisado no passado a espera do historiador para que de fato se transforme em saber histórico. A memória social e os documentos estão carregados de relações de poder que imperam no cotidiano. Não há como escrever a história alijada dos poderes institucionais e econômicos modernos que nos interpelam e nos agenciam a cada momento que respiramos o acontecimento. É em tensão que a memória se faz social - na guerra isto é evidente. Quando cessa o conflito belicoso a tensão ainda persiste sobre meios agora ideológicos. Assim, cabe aos docentes e historiadores - como já afirmou Pierre Vidal-Naquet - arrancar os fatos históricos das mãos dos ideólogos que os exploram.